Igreja de Ribeira de Pena
Como é enriquecedor conhecer outras vilas e regiões do nosso querido Portugal.
Desta feita, ausente da nossa ilha, no passado fim de semana de Carnaval, tão diferente do nosso Carnaval Picoense e Açoriano – mas, como diz o nosso povo desde há séculos, cada terra com seu uso, cada roca com seu fuso – acontece que, por acasos familiares, desde a Figueira da Foz (com corso carnavalesco no domingo e 3ª feira) até Vila Pouca de Aguiar e Ribeira de Pena, tive o privilégio de conhecer tanta coisa diferente: a imponente Matriz de Ribeira de Pena; a rua de origem açoriana – Rua Duque d’Avila e Bolama, em Vila Pouca de Aguiar; visitar a XV Festa da Orelheira e do Fumeiro, em Cabeceiras de Basto; tentar perceber o porquê da Petição do povo de Pedras Salgadas (sim a vila da água das Pedras) sobre a não concretização de promessas, parques naturais ou nova unidade de saúde e também sobre escritores e jornais, felizmente muitos, com uma incursão, em homenagem saudosa a vivências inesquecíveis de outros tempos, a Fontelas – Régua e como que rematando, lá tivemos uma breve passagem no comício partidário de José Sócrates, em Viseu.
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Então, caros leitores, ao sabor da pena e da memória casuística e como que entroncando naquela interessante e nunca mais esquecida definição “Confluências da Alma Lusa”, do portal adiaspora.com, já que não só em terras de emigração, mas por todo o rincão da portugalidade nos confronta e nos interpela, deixo-vos algumas notas esparsas:
- De 4 a 7 de Março, a vila de Cabeceiras de Basto, organizou a sua Feira anual dedicada ao fumeiro e por lá passaram interessantíssimos usos e costumes, culturais e sociais daquela zona das terras de Basto: grupo de bombos, jogo do pau, grupo de dança de ginásio, grupo de cavaquinhos, vários grupos de concertina (inclusive mistos), teatro, folclore, cantares ao desafio e naturalmente a venda de produtos de fumeiro.
Uma nota vos deixo: Artistas com elevados cachês nacionais, não os vi lá anunciados…
- Reivindicação do povo da vila de Pedras Salgadas - que por lei têm o direito a lá se abastecerem gratuitamente desse inigualável líquido reconfortante - porque a UNICER em tempos recentes, adquiriu a concessão e propriedade de edifícios afins da exploração das águas Vidago (município de Chaves) e Pedras Salgadas (município de Vila Pouca de Aguiar) e comprometeu-se a realizar “um grande investimento na reabilitação dos Parques de Vidago e de Pedras Salgadas (projectos a cargo conceituado o Arq. Siza Vieira e há muito aprovados pelas duas câmaras)”. Acontece que o Hotel de Vidago, já recuperado, foi recentemente inaugurado, mas quanto à concretização do projecto Aquanattur – Parque de Pedras Salgadas, não se vislumbra um mero sinal de início da sua recuperação, pelo que, reagindo a tão clamorosa omissão, decidiram boicotar as ultimas eleições presidenciais não tendo ido votar 97% da população daquela vila.
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- Reivindicando também a ULS (Unidade Local de Saúde) do Alto Tâmega com sede em Chaves, a população dos municípios de Chaves, Boticas, Montalegre e Valpaços, assim como algumas freguesias de Ribeira de Pena, Vila Pouca de Aguiar e Vinhais, fizeram chegar à Assembleia da República uma Petição Pública nesse sentido.
Quaisquer uma destas posições cívicas demonstram enorme espírito de cidadania ativa, que a existir na nossa ilha,quantas vezes, seria de saudarmos.
- Sobre o Duque d’Avila e Bolama, deixo-vos uma nota transcrita dum apontamento de Jaime Gonçalves no Mensagens Aguiarenses (1 de Março 2011) que reza assim: “pessoa que dá o nome à principal rua de V.P.A. (…) açoriano, filho de gente humilde – o pai era sapateiro na Horta/Faial – e ele conhecido como Zé da Vila. O seu espírito aventureiro, associado a uma ambição desmedida, cedo o transferiu para o Continente/Lisboa, onde procurou acompanhar pessoas influentes e marcantes da vida portuguesa na área liberal e sempre disponível para assumir funções ou altos cargos para que fosse designado. (…) Também o nosso Zé da Vila (…) feito Duque, transformou o da Vila por D’Ávila, passando a ser designado por Duque d’Ávila e Bolama, ligado às obras públicas e à Estrada nacional n.º 2, espinha dorsal de Portugal continental até à era das auto-estradas contemporâneas.” (fim de citação) Terá sido assim, perguntamos?
- Jornais locais, semanários e quinzenários, existem em profusão: Ecos de Basto; PQ(Porquê) - regional de Chaves a Ribeira de Pena; Mensagens Aguiarenses; Pedras com Letras; de notar que em todos eles existe uma excelente cobertura noticiosa local – social e desportiva (dos diversos escalões e modalidades) – a par da mais diversa critica de opinião;
Escritora Fernanda Carneiro e Rui Pedro Ávila
- Escritores – tive o privilégio de contatar com a escritora Maria Fernanda Carneiro – Cabeceiras de Basto, que recentemente publicou mais um dos seus livros - Crónicas de todo o tempo – e sobre esse evento cito o Ecos de Basto “Com a publicação em livro dos seus escritos, a autora, dá à estampa a “memória” e dos seus antepassados, através de crónicas redigidas com alma e coração, de forma singela, num estilo corredio, que desperta sensibilidades de uns e curiosidades de outros. Este como os outros livros já publicados, revela as memórias que a autora procura avivar com registos e opiniões escritas com cunho próprio. Memórias do passado, por vezes recente, mas que reflectem as vivências e protagonistas de outras eras. De referir que os livros e os temas que versam são o reflexo da simplicidade da autora e do gosto que tem pela sua terra e pela gente de Cabeceiras de Basto.
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Partindo do pouco, Fernanda Carneiro foi-se interessando por estes temas, indagando e remexendo com dedicação e paixão, na «história» de Cabeceiras, trazendo ao de cima o seu amor pelas coisas, por vezes pequenas, mas que enchem de orgulho os cabeceirenses.”
Tal como nessas Terras de Basto, também na nossa ilha vão ainda surgindo inúmeros exemplos, dos muitos que teimam em dar à estampa historias e vivências das suas freguesias e plasmá-las em livro para memória futura e… ainda bem que assim vai acontecendo.
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